A CPI da Covid-19 não decepcionou! Depois de quase seis meses de abusos, ilegalidades e hipocrisias, o colegiado chega ao fim, com a Vitória de Pirro da oposição.

Comandada pelo famigerado G7, os oposicionistas alijaram os demais colegas de quase todas as decisões e protagonizaram reuniões que beiraram o grotesco. Autoritários e provocadores, hostilizaram e injuriaram depoentes, vazaram documentos sigilosos e revezaram-se em narrativas, que foram desde tratamento precoce a gabinete paralelo, imunidade de rebanho, financiamento de fake news, negacionismo, Copa América e corrupção não consumada por picaretas, que rondavam o governo. Até a ema dos jardins do Palácio do Planalto foi citada no famigerado relatório final.

Em nome da Ciência seletiva, médicos foram colocados no banco dos réus e a autonomia desses profissionais, desprezada. Mouco, o grupo desprezou fatos e foi generoso com aqueles que confirmavam o que queria ouvir, como a médica-cantora e profissionais de saúde que denunciaram o “kit-covid”, mas tomaram os medicamentos, às escondidas, ou receitaram a parentes. O relator e campeão de inquéritos no STF, Renan Calheiros, e o vice-presidente do colegiado, Randolfe Rodrigues, chegaram ao acinte de se ausentarem da reunião que ouviu médicos defensores das demonizadas cloquinha e invermectina.

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Até a tal sororidade foi escanteada. Inicialmente, deixadas de lado na composição do colegiado, as senadoras calaram-se, diante do machismo dos colegas, que intimidaram e humilharam a renomada médica Nise Yamaguchi e a pediatra Mayra Pinheiro, pejorativamente, chamada de Capitã Cloroquina pela mídia fã de Renan e cia. Já militares, com cargo no Executivo Federal, foram achincalhados e carimbados como incompetentes ou corruptos e advogados cerceados na defesa dos clientes.

Pintaram e bordaram, sob o olhar complacente do presidente do Senado Federal.

Mas aí veio o “véi da Havan” para expor mais ainda a CPI circense. O empresário Luciano Hang debochou do G7 ao exibir um vídeo sobre a empresa dele. A propaganda gratuita bombou o engajamento à direita. Quase 500 mil tuítes, com a hashtag #CPIdoCirco, dominou os trending topics daquele dia e da maioria das reuniões.

Na contramão, a CPI desconsiderou a máxima do “siga o dinheiro”, deixando de investigar a roubalheira do Consórcio Nordeste, que comprou 300 respiradores hospitalares, por R$ 48 milhões. Até hoje, os equipamentos não foram entregues à população dos estados nordestinos. Tampouco, apurou a roubalheira dos recursos bilionários repassados pelo governo federal aos estados e municípios para o combate à pandemia. Gastou tempo e dinheiro público, perdendo a chance de uma apuração decente das ações do Executivo, durante a crise sanitária.

O insulto à inteligência da sociedade não saiu incólume. A população cunhou o colegiado investigativo de CPI do Circo, sob o desabafo do palhaço Pão de Ló, que reclamou, em vídeo, nas redes sociais, de ser comparado aos senadores, uma vez que não recebe benesses e não participa de “grandes esquemas”.

A vexaminosa Comissão Parlamentar de Inquérito ainda levou ao plenário, familiares de vítimas da Covid-19, numa politização negada pela mãe do ator Paulo Gustavo, que recusou o convite para participar da reunião-espetáculo de encerramento dos trabalhos.

As plaquinhas, com o número de mortos pela peste, expostas e atualizadas, diariamente, pelos oposicionistas destoavam da verdadeira intenção – desgastar o presidente da República. Vidas importam. A verdade, também.

 

By Mércia Maciel, jornalista e pedagoga, formada pela Universidade de Brasília.

 

 

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