Sequestro, apropriação ou associação indevida. As acusações da esquerda de que os conservadores “roubaram” a bandeira do Brasil beira o ridículo. Associados ao guarda-roupa da direita, o verde e amarelo foram desprezados e achincalhados pelos progressistas, sem qualquer pudor. Nada novo. Há tempos, a esquerda desapegou-se das cores nacionais.
Em outubro do ano passado, numas das manifestações que ocorreram no país, líderes da esquerda tentaram resgatar o símbolo pátrio – até, então, consenso em tempos de Copa do Mundo – sem sucesso. O rebanho encardido usou o vermelho, historicamente, identificado com regimes comunistas e socialistas.
Nessa esteira insana, a esquerda perdeu o rumo. Ganharam as redes sociais, a imagem da cantora Bebel Gilberto, filha do compositor João Gilberto e sobrinha de Chico Buarque, sambando em cima da bandeira do Brasil, durante um show. O pedido de desculpas da cantora foi tão afrontoso quanto o ato, que classificou de “impensado”. Na escusa eivada de ódio e ressentimentos, ela disse que amava o Brasil e de que o ato foi “um presente para que a extrema-direita destile seu ódio repugnante e seu falso patriotismo”, classificando os brasileiros que usam e se orgulham do verde louro da flâmula como autoritários e sequestradores do símbolo nacional e de que, “em breve, serão varridos para o lixo da história”. Quanto amor!
Dias antes, uma polêmica e desmedida manifestação da juíza Ana Lúcia Todeschini Martinez, titular do cartório eleitoral de uma cidade gaúcha, demonstrou o devaneio da esquerda. Durante uma reunião com representantes de partidos, a magistrada afirmou que a bandeira do Brasil seria considerada propaganda eleitoral e passível de multas pesadíssimas. “É evidente que hoje a bandeira nacional é utilizada por diversas pessoas, como sendo um lado da política”. Todeschini ainda pretendia proibir que a bandeira fosse fixada, em determinados locais.
Diante do descalabro, a reação foi imediata. Milhares de conservadores encheram as redes sociais de bandeiras do Brasil e de momentos, nos quais ostentam o lábaro estrelado. Dias depois, o Tribunal Eleitoral do Rio Grande do Sul posicionou-se contrariamente ao entendimento, ao bater o martelo de que o uso da bandeira do Brasil, durante o período eleitoral, não configura manifestação de cunho “governamental, ideológica ou partidária.
A decisão teratológica da magistrada também gerou reação do presidente Jair Bolsonaro, no Twitter. “Não tenho culpa se resgatamos os valores e símbolos nacionais que a esquerda abandonou para dar lugar a bandeiras vermelhas, a internacional socialista e pautas como aborto e liberação de drogas”, cravou.
Na história recente, as cores verde e amarelo tomaram o país, a partir do movimento que pedia o impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT). De lá pra cá, passou a ser corriqueiro associar as cores nacionais ao desejo de um país livre da corrupção. O uso ganhou ainda mais força, durante a campanha que resultou na vitória de Jair Bolsonaro ao cargo de presidente da República, em 2018.
A bandeira do Brasil, desenhada pelo filósofo e matemático Raimundo Teixeira Mendes, logo após a proclamação da República, em 1889, indubitavelmente, reflete o clima de polarização política. Como também não há dúvida de que a esquerda tem responsabilidade nesse processo de desassociação dos símbolos pátrios. Nada mais simbólico da desarrazoada escolha do que o vídeo recente, em que Lula e seu vice-candidato, o tucano e católico fervoroso, Alckmim, em evento, ouvem e aplaudem o hino da Internacional Socialista, que exalta a luta dos trabalhadores e despreza Deus: “Messias, Deus, chefes supremos, nada esperemos de nenhum”, diz a letra. Bolsonaristas aproveitaram para expor nas redes sociais, o afago da esquerda.
Vai ter bandeira, sim!
By Mércia Maciel, jornalista e pedagoga, formada pela Universidade de Brasília.