A devoção ideológica cegou a razoabilidade de muitos. A democracia nem de longe, de costas e no escuro está ameaçada. Sem pestanejar, afirmo que o poder do povo não está na corda bamba ou preste a ser afrontado. Vivemos num Estado de Direito, de instituições sólidas e de soberania consolidada, com pesos e contrapesos ( a despeito das afrontas constitucionais dos últimos tempos).

O ato em defesa da democracia não afligida, nesta quinta-feira (11/08), tem a digital de progressistas descolados da realidade – políticos, artistas, juízes, advogados, banqueiros, sindicalistas, dentre outros.

Nada mais coerente. O manifesto foi marcado para o vergonhoso “Dia da Pendura”, data comemorada por estudantes de Direito, que comem, bebem, se esbaldam e saem sem pagar a conta.  O calote dado em donos de bares e restaurantes é o retrato fiel da narrativa em “defesa de uma democracia ultrajada” e configura crime, sujeito à detenção ou multa, segundo o artigo 176, do Código Penal. Mas o que esperar dos futuros profissionais, forjados por cartilhas progressistas?

De volta à vergonha alheia inicial. As mentiras aveludadas não convencem quem percebe a realidade, com um mínimo de decência e honestidade. A democracia não está sendo aviltada e o subscritores do manifesto miram, indisfarçadamente, o Presidente da República.

Em quase quatro anos de mandato, não houve atos ilegítimos do Chefe do Executivo, que não poupou a defesa do estado democrático de Direito e as liberdades individuais. Afinal, onde estão o autoritarismo, o fascismo e as ameaças contra mulheres, negros, quilombolas? Questionar? Pedir mais uma camada de transparência das urnas? Na contramão das falácias, o Executivo governa sem sair das quatro linhas constitucionais. A carta, que omite o nome de Jair Bolsonaro, mas escancara o viés eleitoreiro, é mais uma vitória de Pirro.

Do outro lado, togados legislam, atuam como censores e chegam a mentir, em evento fora do país, ao afirmarem que os defensores de mais segurança das urnas querem a volta do voto impresso.  Como esquecer que um dos semideuses da Corte Suprema foi a estrela do evento “Ditching a President” (em tradução livre, “ Como livrar-se de um presidente”), promovido por uma organização estudantil da Faculdade de Direito da Universidade do Texas  (EUA)? Onde estava o movimento vermelho no Mensalão, Petrolão e escândalos, como dos sanguessugas e dos Correios? Ah! Afagando as ditaduras de Cuba, Venezuela e Nicarágua.

Já a mídia negacionista esconde os feitos e avanços do governo, cravando manchetes, como “A economia despiora” ou abusam da conjunção adversativa “mas” para minorar as conquistas do presidente. Se a cartinha estivesse mesmo preocupada com a democracia, condenaria o desrespeito à harmonia dos Poderes e às funções precípuas deles. No entanto, as tias do zap são um perigo à democracia.

Sem dourar as palavras, o presidente Bolsonaro afirmou que os signatários do manifesto são “democratas de fachadas”, que querem “a volta daquele que acomodou essa escória toda no poder, de 2003 a 2016, quando roubavam o Brasil, em perfeita harmonia”.

As ruas pintadas de verde e amarelo e o desempenho do presidente, num podcast, em plena noite de segunda-feira, apontam indubitavelmente outra realidade. Depois de mais de cinco horas de entrevista, que rendeu mais de 10 milhões de visualizações, a sociedade enxerga quem, realmente, ataca a democracia.

Depois dessa missiva patética e da entrevista, até Lula vai votar em Bolsonaro.

 

By Mércia Maciel,

jornalista e pedagoga, formada pela Universidade de Brasília.

 

 

 

 

Images by:  Akwice in Pexels

Author avatar
Português