A distorção intencional dos fatos do ex-presidiário Lula convence tão somente os cegos deliberados da patotinha dele. Diante de plateias sonolentas e de uma mídia domesticada, abusa da Falácia do Espantalho, estratégia argumentativa na qual a pessoa ignora a posição do adversário no debate e a substitui por uma versão distorcida dos fatos.

No debate, entre presidenciáveis, no último domingo, na TV Band, ele mentiu descaradamente, ao afirmar – sem ficar vermelho – que foi absolvido, em todos os processos que respondia na Justiça.

Condenado em todas as instâncias e no Supremo Tribunal Federal (STF), com provas sobradas, o petista teve a pachorra de dizer ainda que também foi inocentado pela Organização das Nações Unida (ONU). O espantalho não colou. Lula jamais foi julgado pelo Comitê de Direitos Humanos da ONU e a manifestação da entidade se deu em uma representação feita naquela Corte pelos advogados do descondenado, por considera-lo inocente das acusações de corrupção passiva e de lavagem de dinheiro.

A queixa inclui ainda a detenção do petista pela Polícia Federal, em uma sala do aeroporto de Congonhas, em 2016, considerada arbitrária pela defesa; a alegada parcialidade do julgamento e a impossibilidade de concorrer, em 2018.

Espantalho! Mentira! Lula não foi inocentado! Os iluminados da Suprema Corte anularam as condenações, no âmbito da Lava Jato, ao considerar que a competência do processo não era a Vara de Curitiba, mesmo tendo decidido, em 2014, que o juízo natural era mesmo a justiça paranaense. Em 2016, a competência do juiz Sérgio Moro também foi mantida. Nas duas ocasiões, o relator dos processos era o ministro Teori Zavascki, morto em um acidente aéreo, em 2017.

Longe do “juridiquês”, enquanto mente descaradamente de que é inocente, os juízes eleitorais, constitucionalistas, jornalistas e checadores de fatos se calam, numa proteção vergonhosa e desonesta.

 

By Mércia Maciel,

Jornalista e pedagoga, formada pela Universidade de Brasília.

 

Cover Image by Sora Shimazaki

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