O indisfarçável ativismo jurídico da Suprema Corte brasileira chegou às páginas do The New York Times. Artigo do maior jornal dos Estados Unidos questiona as recentes decisões da Corte e reflete as ações infundadas de ministros, a exemplo da investida contra empresários, que tiveram conversas de aplicativos invadidas, agentes federais fazendo busca nas casas deles, redes sociais suspensas, quebras de sigilos bancário e fiscal e contas bancárias bloqueadas.
O periódico frisa que essas ordens foram dadas pelo ministro Alexandre de Moraes, com base apenas em mensagens do WhatsApp, nas quais apenas dois interlocutores sinalizaram apoio a uma possibilidade de não aceitar os resultados das urnas, no próximo domingo. Oito deles foram alvos da sanha do iluministro.
Segundo o jornal, Moraes queria atingir Bolsonaro e mirou desmedidamente os empresários aliados do presidente da República. Na avaliação do NYT, “foi uma demonstração crua de força judicial, que coroou uma tendência em formação: a Suprema Corte do Brasil expandiu drasticamente seu poder para combater as posições antidemocráticas de Bolsonaro e seus apoiadores”. No entanto, o jornal não cita que posições são essas, uma vez que Bolsonaro joga dentro das quatro linhas da Constituição, sem exorbitar os poderes conferidos a ele nas urnas.
O jornal ainda ressalta que Moraes prendeu cinco pessoas sem julgamento, por meras postagens nas mídias sociais e ordenou que milhares de posts e vídeos de ataque às instituições brasileiras fossem retiradas do ar, sem qualquer espaço para apelação. No Brasil de Moraes, críticas viraram ameaças.
O artigo vai mais longe: “Em muitos casos, Moraes agiu unilateralmente, encorajado por novos poderes que o tribunal concedeu a si mesmo em 2019 que lhe permitem, de fato, atuar como investigador, promotor e juiz ao mesmo tempo, em alguns casos”, afirma o artigo.
Nesse vale-tudo, o Brasil perde!
By Mércia Maciel,
Jornalista e pedagoga, formada pela Universidade de Brasília.
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