Para quem viveu todo um processo de imigração em tempos onde as incertezas eram maiores que as certezas, bem, uma coisa é certa, muita coisa mudou. A tecnologia certamente trouxe muito mais informação e facilidades para os que decidem ingressar nesta grande aventura agora.
Dependendo da província canadense, as experiências variam e muito. Desde a integração laboral e social até no que se pode considerar sucesso.
Para muitos, o sucesso é conseguir o passaporte canadense, o demais é secundário. Para outros, o sentir de pertencer a algum lugar, fala mais alto.
Mas será que um passaporte na mão significa que agora efetivamente tenho a cultura canadense? Isto depende muito de cada pessoa. Conheço pessoas que entraram de corpo e alma nesta nova cultura, quase renunciando a sua cultura original.
Há outras, no entanto, que vivem aqui como se ainda no Brasil estivessem. Só mudaram de endereço, mas vivendo tudo o que se passa por lá, sem saber do que se passa por cá.
Por outro lado, o mais comum, são as pessoas que viraram um misto da cultura de origem com esta escolhida. Eu me considero nesta última categoria, às vezes dizendo para os nativos que sou uma ‘brasileira fake’… pois já não tenho os mesmos hábitos e gostos de um brasileiro que vive no Brasil.
Na realidade, cada qual escolhe o seu caminho, mas mesmo vivendo aqui por 15, 20, 30 anos ou mais, sempre haverá aquela piada ou referência da qual não entenderemos, ou da qual não fazemos nem ideia do que seja. Há coisas que só fazem parte de quem as viveu, e ponto final.
Da mesma forma que certas coisas somente os brasileiros com quem falamos vão entender, nem vale a pena querer explicar para o canadense por que não irá fazer nenhum sentido para ele.
Então o negócio é assumir que sempre seremos um ‘ser’ canadense de origem brasileira. Afinal, esta é a primeira pergunta que alguém nos faz assim que nos conhece: De onde você vem?
O segredo é celebrar de onde viemos e onde estamos.
Sermos gratos por poder ser parte destes dois mundos!
Por: Cassia D.