O que ocorre no Brasil é inominável. O devido processo eleitoral pode ter sido vilipendiado, com a possibilidade concreta de omissão de emissoras de rádio em veicular a propaganda eleitoral do presidente Jair Bolsonaro, principalmente, no Nordeste e Norte do país. Duas auditorias foram feitas pela campanha à reeleição, com levantamentos que apontaram 154 mil inserções de Bolsonaro fora do ar. Ou seja, o eleitor não recebeu as informações do candidato, seus feitos, ações governamentais e propostas para um novo mandato, enquanto as falas do opositor e ex-presidiário Lula da Silva tomavam as ondas do rádio sem qualquer problema. A campanha alega que, apenas no Nordeste, teriam sido 29 mil inserções a menos, o que favoreceu o condenado.
Na noite desta quarta-feira (26), o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, rejeitou o pedido de investigações sobre as pretensas irregularidades nas inserções. Poucos depois, Jair Bolsonaro fez um pronunciamento à imprensa para dizer que a assessoria jurídica da campanha irá recorrer da decisão.
Nunca antes na história das eleições neste país, um candidato usou tanto a força que tem na Corte Eleitoral para censurar o que o seu adversário de campanha diz nos órgãos de imprensa e nas redes sociais.
Ao mesmo tempo, jamais houve neste país, uma Corte Eleitoral que tenha abandonado a obrigação precípua e constitucional para operar como militante de um candidato.
Se tivessem garantia de que iriam levar não estariam tão desesperados.
By Mércia Maciel,
Jornalista e pedagoga, formada pela Universidade de Brasília.