A tentativa de sinalizar que o cristão e a esquerda são compatíveis esbarra nos fatos. São gritantes as dificuldades em conciliar princípios cristãos e pautas progressistas, como descriminalizações do aborto e das drogas; desconstrução da família e ideologia de gênero. Para a maioria dos crentes – afirmo sem pestanejar – essas são questões inegociáveis. Indubitavelmente, a pauta não bate!

Exorcizar a identidade esquerda é uma tarefa hercúlea e infrutífera. Ao negar conflitos entre os princípios cristãos e os valores “vermelhos”, muitos sustentam que aprenderam na Bíblia a comungar esses ideais, a exemplo da defesa dos pobres e oprimidos, como se essa fosse uma bandeira exclusiva deles. Ou que a figura de Jesus pobre e carpinteiro é uma referência ao trabalhador. Pura falta de conhecimento bíblico, uma vez que o Rei dos reis veio para salvar a todos, e, como tal, voltará com toda a sua glória e majestade.

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Há crentes que sustentam ainda o voto progressista, com o argumento de que optam por candidatos. Mas, são eles que, se eleitos, ajudarão a aprovar as pautas nefastas da esquerda “limpinha”. A justificativa de que essas são propostas de competência do Legislativo podem até servir para justificar um voto pragmático de quem tapa o nariz para eleger candidatos desse naipe. No entanto, a narrativa não cativa o eleitorado evangélico.

Além de todos esses obstáculos, o preconceito da esquerda a evangélicos é escancarado. Basta lembrar a luta ferrenha dos progressistas que, de mãos dadas com a mídia militante, tentaram inviabilizar a nomeação do primeiro ministro crente do STF, por conta de sua opção confessional.

A demonstração inequívoca de apoio de evangélicos e católicos será, mais uma vez, determinante no pleito deste ano. Segundo a última pesquisa do PoderData, se a reeleição de Bolsonaro dependesse apenas do voto dos crentes, o presidente ganharia no primeiro turno. O levantamento aponta que, além de liderar a corrida pelo voto, o presidente da República vem ampliando a distância em relação a Lula, nesse segmento. Foram dez pontos em apenas um mês.

No início do mês, Bolsonaro reuniu no Palácio do Planalto 180 pastores e líderes protestantes e 105 deputados e senadores da Frente Parlamentar Evangélica. Na tentativa de diminuir a dimensão histórica do evento, o encontro foi ignorado pela velha imprensa ou subestimado em notas tímidas.

Desesperado, o PT tenta conquistar o voto cristão para o descondenado Lula. A legenda convidou o pastor Paulo Marcelo Schallenberger, da Assembleia de Deus, em Foz do Iguaçu, no Paraná. A ideia do reverendo é evitar temas que gerem conflitos, com a doutrina cristã. Para cooptar sacerdotes, o “pastor de Lula” quer criar núcleos evangélicos e lançar uma plataforma de música gospel.

Só falta combinar com o eleitor, uma vez que o reverendo petista já teve breves passagens pela polícia, por posse de drogas e de armas. À época, sustentou que os entorpecentes e as armas eram de outra pessoa, a exemplo do que fez Lula ao atribuir a propriedade do sítio de Atibaia a “um amigo meu”.

O cristão não pode ser ingênuo nem se deixar enganar. A exortação de Jesus sobre os lobos em pele de ovelhas é também para a guerra ideológica e espiritual conflagrada, entre a luz do Cristianismo e as trevas do marxismo ateísta, que perseguiu a religião em todo o mundo.

Enfim, fica o alerta e ouso em rebatizar o nome do PT para Partido do Tinhoso.

 

By Mércia Maciel, jornalista e pedagoga, formada pela Universidade de Brasília.

 

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