Consumação de um crime. Foi com essa certeza que o Brasil assistiu, nesta semana, ainda estarrecido e anestesiado, a uma tarde de afronta, escárnio e vergonha. A diplomação do ex-condenado Lula da Silva e do vice, Geraldo Alckminn, que “temia” a volta do ladrão à cena do crime, foi o atestado de que o crime compensa no Brasil.

Diante de uma nata socialista de sorrisos soltos e descompromissados com realidade geral, os discursos raivosos e delirantes do presidente do Tribunal Superior de Justiça e ministro do STF, Alexandre de Moraes, e do diplomado não deixaram dúvida do que vem por aí.

Os ungidos elogiaram-se e prometeram uma caça ao povo. À plateia domesticada e militante, o ministro-político disse que vai punir quem ousou criticar o sistema… OPS!… “ameaçou a democracia”. Já o discurso de Lula passou longe de qualquer pacificação. O encardido, que sempre alimentou o “nós contra eles”, teve a pachorra de dizer que essa não foi uma eleição entre candidatos de partidos ou programas distintos. “Foi a disputa entre duas visões de mundo e de governo. De um lado, o projeto de reconstrução do país, com ampla participação popular. De outro lado, um projeto de destruição do país ancorado no poder econômico e numa indústria de mentiras e calúnias jamais vista ao longo da nossa história”, vociferou, entre espasmos de ódio, vingança e ressentimento.

 

Durante a cerimônia, o ministro do Tribunal Superior de Justiça (STJ) e esquerdista, Benedito Gonçalves, dirigiu-se a Moraes e cochichou: “Missão dada é missão cumprida”. A declaração, captada pelos microfones, deixou a certeza para muitos de que a missão passou pela soltura de Lula e por anular as condenações por corrupção, além de uma série de inconstitucionalidades e abusos cometidos por Moraes, desde censura a instauração de inquéritos e decisões partidárias ao longo do processo eleitoral.

Dois dias depois da diplomação do descondenado, durante uma palestra, Moraes ameaçou os cidadãos que ousam questionar a lisura e transparência das eleições e os rumos do país: “Ainda tem muita gente para prender e muita multa para aplicar”. A declaração foi dada na sequência de uma fala do também ministro do STF, Dias Toffoli, que citou a invasão do Capitólio, nos Estados Unidos, em 2021. No dia seguinte às declarações políticas do magistrado, mais de 100 mandados de busca e apreensão foram cumpridos no Distrito Federal e em sete estados por ordem do próprio Moraes. Um pastor, um vereador, um jornalista e um candidato derrotado a deputado estadual foram presos no Espírito Santo porque ousaram questionar a transparência do pleito deste ano.

E para surpresa de ninguém, a mídia “esqueceu-se” de informar que a decisão teratológica não ouviu o Ministério Público Federal (MPF), em mais uma afronta flagrante ao devido processo legal.

Como explicar tudo isso para quem tem fome e sede de justiça?

Aos que torcem para que o governo Lula dê certo, um recado: é o mesmo que abrir a porta de casa a bandidos e torcer pra quem não levem nada.

 

By Mércia Maciel,

Jornalista e pedagoga, formada pela Universidade de Brasília.

 

 

 

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