Sabe aquela imagem de família unida, sentada à mesa, durante as refeições e o clima de harmonia contagiando o ambiente? Ela ficou nos porta-retratos dos mais velhos, em alguma cena de filme nostálgico ou nos comerciais de margarina. Em boa parte dos lares brasileiros – e mundo afora – o atual retrato é outro.
A primeira crise conjugal está descrita, logo, no início da Bíblia, quando Adão e Eva se acusam mutuamente, diante de Deus. Já a primeira desavença entre filhos é narrada, logo depois, quando o invejoso Caim é tomado de ciúmes da oferta do irmão. De lá pra cá, as crises familiares balançam o combalido alicerce de muitos lares.
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Alguns sintomas da degeneração familiar podem ser, facilmente, identificados nos divórcios, nos filhos irreverentes e indiferentes aos pais, nas brigas entre casais, na TV como principal educadora, no precioso tempo gasto diante da telinha e dos celulares, entre tantas outras mazelas que invadem os lares.
Nem de longe é exagero afirmar que a fidelidade foi relativizada; os casais já não sabem quais são seus papéis e os argumentos camuflados de modernidades tentam justificar o aborto, a ideologia de gênero, a exclusão da palavra pai ou mãe das festividades escolares, a desvalorização da castidade e, principalmente, a negação dos princípios da fé cristã.
O esvaziamento da mesa de refeições, que passou a ser, em muitas casas, um mero móvel de enfeite, ajuda a desenhar esse cenário desolador. O abandono desse hábito é um dos sintomas da desagregação, da falta de comunhão e de troca de experiências cotidianas e das conversas descompromissadas e risonhas. Assim, pais e filhos vivem nos próprios mundinhos, cercados pelo silêncio. Outro sinal de que há algo errado é a permissividade dos pais, que, displicentes, abrem mão da responsabilidade de zelar por um lar sadio.
Pesquisa do instituto brasileiro UNIPEM (2006) sobre os aspectos econômicos, familiares e delitos entre menores infratores abrigados na Fundação Casa, de São Paulo, aponta que 36% desses adolescentes são de famílias cristãs. A maioria tem nome bíblicos, mas lares disfuncionais.
É inegável que, independente de religião ou credo, problemas sempre existirão em qualquer núcleo familiar. Mas nem tudo está perdido irremediavelmente. Recente estudo do Ministério One Hope, da Flórida, nos EUA, revela que 82% dos jovens americanos disseram acreditar que Deus planejou o casamento e a estrutura familiar.
Mesmo diante de um número crescente de opositores à família, andar nessa corda bamba exige equilíbrio, força e disposição. Sigamos!
By Mércia Maciel, jornalista e pedagoga, formada pela Universidade de Brasília.
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